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El Niño e eventos climáticos podem mudar projeções para safra de grãos, diz Conab


11/10/2023 - COOPERATIVISMO

O anúncio do primeiro levantamento para a safra de grãos 2023/24 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) foi dosado com cautela pelos técnicos da estatal em função das incertezas climáticas que pairam sobre o campo brasileiro neste momento.
 
O diretor-executivo de Política Agrícola e Informações da Conab, Sílvio Porto, disse que, até agora, o ritmo de plantio das principais culturas segue semelhante ao da safra passada, mas que a companhia ficará atenta aos efeitos do clima no desenvolvimento das lavouras.
 
"Na safra 2022/23, tivemos um excelente ano em termos de produtividade. Nesse ano, nos preocupa muito nesse nicho em função do El Niño, por excesso de chuvas no Sul e problemas [de falta de chuvas] que poderemos ter no Centro-Norte e Nordeste brasileiro (...) Estaremos muito atentos ao o que estará acontecendo em termos de clima, com chuvas e estiagens pelo Brasil", afirmou.
 
Um dos casos de atenção é o do arroz. A Conab estima um aumento de área plantada (5,1%) e de produção (7,7%) após 13 anos consecutivos de queda nos números de plantio da cultura. O crescimento é puxado pelo Rio Grande do Sul, responsável por 70% do volume do cereal produzido em todo o país, e onde a colheita deve ter alta de 11,6% nesta temporada. Os arrozais, no entanto, sentem mais os efeitos do El Niño.
 
"Das últimas três safras em que houve ocorrência de El Niño nas proporções esperadas para este ano, em duas delas tivemos redução de produtividade. Se houver redução de produtividade agora, impacta a produção nacional de forma muito expressiva, podendo nos gerar dificuldade para o abastecimento no próximo ano dependendo da magnitude", alertou Porto.
 
O clima também influenciou na decisão de produtores paranaenses de reduzir a área plantada de feijão na primeira safra (-9,5%), disse o diretor. O El Niño pode gerar estiagens na Bahia e no Piauí, importantes Estados produtores em termos de área, mas a produção total deve ser preservada já que Minas Gerais, que desponta em termos de produtividade, não deve enfrentar impactos do clima, completou Porto.
 
O diretor ainda destacou os ganhos de produção e produtividade em praticamente todas as culturas produzidas no Rio Grande do Sul nesta safra. Os números melhoram, em geral, porque o Estado enfrentou seca nas últimas temporadas, o que não deve ocorrer agora.
 
Para Silvio Farnese, diretor de Comercialização e Abastecimento da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, o país mantém um patamar de produção "saudável", com números suficientes para abastecer o mercado interno "com folga". Ele afirmou que as previsões indicam que não haverá qualquer problema de abastecimento de produtos agropecuários, mas reforçou a atenção com o clima.
 
"Na safra a ser realizada, dependendo da situação climática, teremos produto suficiente para o abastecimento e para cumprir os contratos de exportação (...) São números que mostram o setor organizado, e que está respondendo bem às necessidades de abastecimento do mercado interno", disse Farnese ao comentar as projeções para arroz, feijão e milho.
 
Edegar Pretto, diretor-presidente da Conab, manteve a expectativa otimista de que o Brasil ainda poderá bater o recorde da safra passada, já que haverá um aumento de área plantada de 300 mil hectares.
 
Ele disse que o abastecimento de grãos gerará redução de custos na produção de proteína animal neste ciclo.
 
"A manutenção da produção elevada de milho, aliada às políticas de formação de estoques públicos, é o principal insumo da proteína animal. E temos previsão de redução do custo. A expectativa de produção recorde de aves, suínos e bovinos é de 30,8 milhões de toneladas, com 2,7% de aumento em relação à produção passada. Isso quer dizer comida boa, com qualidade e nutrição na mesa do povo brasileiro e contribuindo para que em breve possamos anunciar que o brasil erradicou a fome outra vez", afirmou o presidente na terça-feira.








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